O ex-goleiro Andrada virou agente do Exército argentino (foto: domínio público/El Gráfico) |
Ao ver a bola cruzar a linha do gol, Andrada esmurrou a grama, inconformado por se tornar coadjuvante daquele momento de festa para o futebol, independentemente da camisa que vestia o maior artilheiro de todos os tempos. O 10 de Pelé, mesmo estampado na camiseta do Santos, se tornou uma bandeira de todas as torcidas.
Mas a história reservaria um segundo tempo para Andrada, agora fora dos gramados. De volta à Argentina, o goleiro de temperamento explosivo encontrou no Destacamento de Inteligência 121 do Exército argentino em Rosário uma atividade paralela, e clandestina, à carreira ainda em andamento como número 1 do inexpressivo Colón.
A fachada de atleta em decadência serviu encobrir sua militância no aparato repressivo da ditadura de Jorge Rafael Videla. Ela só seria revelada com a denúncia de que participou do sequestro dos militantes peronistas Osvaldo Cambiaso y Eduardo Pereyra Rossi, em maio de 1983, por um grupo de vinte agentes. Os dois ativistas foram executados a tiros, depois de torturados.
A denúncia contra o ex-jogador, feita por um participante do grupo responsabilizado pelo crime, resultou na revista de sua casa, onde foi encontrado um arsenal composto de três pistolas – de 9, 11 e 25 milímetros – três fuzis Winchester e uma carabina, “entre outras armas de Guerra”, segundo reportagem do jornal argentino Página 12.
O processo foi arquivado por inconsistência de provas contra Andrada, em decisão judicial contestada por organizações de direitos humanos da Argentina.
(Por Milton Bellintani)
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