Pouca gente sabe, mas o ex-meia e técnico Carlos Roberto
Orrigo da Cunha, o Gaúcho, tem uma ligação com o passado da ditadura no Brasil.
Em 1964, quando tinha apenas 11 anos, seu pai, Augusto Losada, foi preso
político por fazer parte de um grupo sindicalista chamado União Operária.
Gaúcho visitava os familiares presos por motivos políticos |
Além
disso, dois de seus tios – Antônio e José – se engajaram na lutar armada e
foram companheiros da presidente Dilma Rousseff na Varguarda Armada
Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) durante os anos de chumbo.
A família
Losada herdou dos ancestrais espanhóis a tradição no envolvimento com a
política. Em entrevista ao O Globo, Gaúcho declarou: “Somos uma família de
proletários que gostam de futebol".
Em 1970,
auge da repressão militar, Carlos Roberto tinha apenas 14 anos e precisou se
dividir entre os treinos na base do Grêmio e o trabalho como tecelão. Todos os
homens da família estavam presos devido ao envolvimento com a luta contra a
ditadura e ele precisava ajudar em casa.
No ano
seguinte, com a carreira de jogador deslanchando, Gaúcho se transferiu para o
Vasco da Gama. Durante o período em que esteve no clube carioca, não deixou de
visitar os parentes no presídio. Mas, para evitar maiores problemas, organizava
uma verdadeira "operação de guerra" para que ninguém soubesse dessa
ligação da família com a luta política, temendo que ao atuar por um clube
grande isso pudesse prejudicar ainda mais os parentes. "Algumas vezes,
conseguia visitá-los no presídio. Não era fácil na época, e muito menos passar
despercebido sendo um jogador de futebol de um clube grande", revelou.
Diferentemente
do pai e dos tios, Gaúcho manteve uma certa distância da política. Cabia a ele
sustentar a família com o salário de jogador, enquanto os outros se dedicavam à
lutar política.
Entretanto,
a veia combativa da família Losada muitas vezes falou mais alto e ele chegou a
ser presidente do Sindicato dos Jogadores de Futebol do Rio de Janeiro por dois
anos. Vencendo as batalhas em campo, Gaúcho foi o suporte essencial para os
parentes guerrilheiros. Segundo ele, essas experiências o ensinaram a ser
destemido. Afinal, acredita que o medo não pode paralisar ninguém, mesmo sob o
chumbo da ditadura.
(Por
Vanessa Gonçalves)
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