sábado, 21 de junho de 2014

Messi abraça luta das Mães da Praça de Maio


A luta das Madres de Plaza de Mayo (Mães da Praça de Maio) na Argentina é conhecida em todo o mundo. Afinal, desde 1977, apenas um ano após o golpe comandado pelo general Jorge Videla, essas mulheres se reúnem semanalmente para exigir do governo explicações sobre o desaparecimento de seus filhos e, especialmente, o paradeiro de seus netos, sequestrados pelos agentes militares.

Messi participa da campanha para encontrar crianças sequestradas na ditadura

Estima-se que 30 mil pessoas tenham sido presas, torturadas e mortas pela repressão. Entre elas, muitas mulheres grávidas, cujos filhos foram roubados como "despojos de guerra" e registrados como legítimos por membros da força de repressão, negando a seus familiares o direito de conviverem.

Ao constatarem isso, as avós dessas crianças criaram uma organização não-governamental com objetivo de localizar e retornar a suas famílias legítimas todas as crianças desaparecidas e sequestradas pela repressão política.

Denominadas como "loucas" por Videla e outros militares, elas seguiram exigindo respostas. Seus gritos ganharam força durante a realização da Copa do Mundo na Argentina, em 1978. 

Países como França e Holanda quase boicotaram o mundial por discordarem da política de violação dos direitos humanos no país, especialmente depois que a Organização dos Estados Americanos (OEA) aceitou a petição das madres sobre os desaparecimentos de seus filhos (as) e netos.

Embora a Copa tenha ocorrido normalmente, alguns jogadores e participantes do campeonato se solidarizaram com a luta das madres e  passaram a fazer protestos a seu favor, entre eles o técnico da seleção alemã Sepp Maier e integrantes da equipe sueca.

Para a felicidade do general, a seleção argentina levantou o troféu no Estádio Monumental lotado e Videla foi ovacionando pela conquista. Muitos questionaram o apoio do povo ao futebol naquele momento. Mas, como no Brasil em 1970, a paixão do argentino pelo esporte falou mais alto, como explicou Hebe de Bonafini, uma das líderes do movimento.  "Como não vou entender  o povo, se em minha própria casa, enquanto eu chorava por meu filho na cozinha, meu esposo gritava os gols na frente do televisor?".

Se naquele momento os jogadores da Argentina não se puseram ao lado das Madres, posteriomente muitos deles lamentaram o fato de terem sido usados pelo governo para fazer propaganda da ditadura. "Nos usaram para esconder os 30 mil desaparecimentos. Me sinto enganado e assumo minha responsabilidade individual: eu era bobo que não via além da bola", disse certa vez Ricardo Villa, um dos campeões em 78.

Jogadores da argentina apoiam prêmio Nobel para as Avós

Em 2010, na Copa da África do Sul, a seleção argentina mostrou pela primeira vez seu apoio à luta das Madres de Plaza de Mayo, quando entraram em campo com uma faixa defendendo que elas fossem escolhidas para ganhar o Nobel da Paz daquele ano.


 
Pouco antes do embarque para o Brasil visando a disputa do mundial de 2014, figuras importantes do escrete argentino fez questão de demonstrar que estão ao lado dessas avós. Em um spot para a TV, Lionel Messi, Javier Mascherano, Ezequiel Lavezzi e o técnico Alejandro Sabella dizem: "Há 10 mundiais estamos te procurando". E pedem: aqueles que duvidam de sua identidade e não temem enfrentar a verdade "Procure a Avós".

Em sua luta, as Madres cantam como nos estádios um aviso para os ex-torturadores: Olé, olé, olá / como a los nazis / les va a pasar / adonde vayan / los iremos a buscar / olé, olé, olá.  O recado está dado! 

(Por Vanessa Gonçalves) 

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